data-filename="retriever" style="width: 100%;">A praia é um ambiente composto por dunas, areia, mar, pedras e muita liberdade. Não há a exclusão de maneira nenhuma, circulam e frequentam pessoas de todas as idades, gênero, raça e sexo. De fato, um ambiente onde a liberdade econômica é efetivada. Pois bem, em um momento onde se discute a lei sobre a liberdade econômica no Brasil, pensei em escrever sobre o tema.
A lei sobre a liberdade econômica tem como objetivo principal a liberação dos alvarás e a diminuição das burocracias no contexto social e empresarial. No entanto, isso não explicita o "estado da arte" do que verdadeiramente é a dimensão da liberdade econômica. Esta concepção está ligada a um conceito muito mais abrangente, em que a liberdade é um elemento de respeito e aceitação do outro no mais alto estágio de compreensão de convívio social e econômico. Onde a lei da oferta e da demanda é respeitada por todos(as) e praticada, além, é claro, do direito de propriedade estabelecido.
Situações simples do nosso dia a dia demonstram a necessidade de nos prepararmos para o exercício desta liberdade. Vou ilustrar com um exemplo bem sugestivo que mostra essa complexidade e a falta de compreensão sobre o que é de fato essa tal liberdade econômica. Estava eu e a minha família curtindo uma bela praia e resolvemos brincar de jogar "futevôlei". Demarcamos o nosso espaço e começamos a brincadeira. Para a nossa surpresa, tão logo o jogo ficou mais intenso e divertido, várias pessoas começaram a passar no meio da "nossa" quadra demarcada no chão, ocasionando certa dificuldade à brincadeira, trancando o jogo em diversos momentos. Mas tudo bem, até porque o local é público. Muitas pessoas, mas nem todas, depois de passarem e atrapalharem a brincadeira pediram desculpa pelo ocorrido. Acontece que esse exemplo ilustra muito bem a falta de consciência por parte da maioria das pessoas do que é a liberdade, e pode-se ampliar esta visão para a dimensão econômica. Quase sempre, éramos interrompidos em nossa brincadeira. O que mostra bem a falta de entendimento da essência dos princípios de liberdade, o respeito e a aceitação da atividade do outro.
Foi necessário muita resiliência para finalizarmos o jogo, considerando que as intercorrências foram muitas. Da mesma forma, esta situações nos remete para muitas outras que nos interpelam no contexto social exigindo que nos preparemos para a vivência de um ambiente democrático onde o diálogo, o respeito, a compreensão mútua, as noções de alteridade nos possibilitem o exercício de nossa cidadania com maior responsabilidade.
Se na raiz dos nossos valores sociais e econômicos tivéssemos o respeito à liberdade a prática esportiva, assim como muitas outras situações do nosso cotidiano seriam respeitadas. Eu e a minha família poderíamos jogar o nosso futevôlei tranquilamente, por exemplo, sendo considerados em "nosso" espaço. Como também, as demais atividades dos outros seriam respeitadas e aceitas. A essência disso é o respeito aos limites individuais de cada um. Portanto, ainda temos uma caminhada para termos uma sociedade evoluída que atente para essa questão. Por isso, ainda tem-se, e acho que teremos por muito tempo, uma forte presença do Estado tentando corrigir essas externalidades.
Por fim, se pergunta: estamos preparados para uma sociedade com mais liberdade econômica? Acredito, que dado à necessidade de segurança (limites) por parte da maioria das pessoas, os princípios de liberdade irão demorar mais um pouco para acontecer. Pode ser uma questão de tempo. Essa evolução deve acontecer aos poucos. E espera-se que essa transformação aconteça com equilíbrio e prudência, buscando sempre o melhor bem-estar para todos(as). Feliz 2020!